terça-feira, julho 25

Levante o rosto, enxugue os olhos de suor e lágrimas; dê um sorriso, entre saliva e sangue; levante o rosto, me olhe e não te zangues. Encare a vida que te sobra e escapa, com tua cara esbranquiçada e suja, levante o corpo te pesa e falta, nesse momento de dor e tortura. Que cada gota de saliva imunda, misture-se ao teu porco sangue, amargando tua horrenda boca, que nada certo nunca proferiu. Que seu suor escorrendo em lágrimas, salgue cada ferimento aberto, devolvendo aos poucos e sempre a dor, que me deste ao estar por perto. E caso não morras deste ou outro mal, nem cedo ou rápido o bastante, lembre-se por muito tempo desse instante, em que revolta em fúria fiz pagar-me a vida que burramente roubaste de mim. Antes cuspir em seu rosto alguma alegria trouxesse, mas nada disso em minha garganta desce, gargalhando enquanto apodreces, ajoelhado em prantos, a sorrir assim.