segunda-feira, março 2

solitariedade
e algo diz-me que não vai passar.
Iludo-me
Ludibrio-me com as palavras
Em busca de uma resposta
Um lapso relevante
Um prolapso fulminante
Não páro.
Respiro esperança
Num último cigarro.
Um trago de lucidez
delírios da embriaguez.
Cansei.
Peço às palavras que me levem
deixem-me longe da sanidade
mesquinha e absurda.
Deixo a ilusão ser minha companhia
a me tirar de aqui.
Só busco a gota d'água que me levará de volta a mim mesma
Só busco a faísca que me levará ao incendio de minha dor
Só busco os restos que ainda contam quem sou
E sou isso
Sou nada a espera da história que não consigo escrever.
queremos sangue
um final artístico
mítico
módico.
final periódico
cíclico
um artifício.
queremos ódio
um motivo célebre
nobre
justo.
motivo indispensável
puro
memorável
Grande resolução
Recapitulação.
Edição.
Corte
E é fim.
Propício.
Frente ao precipício, Romeo and Juliet. Op. 64. Prokofiev.
Pílulas de ódio.
Só falta-me motivo.
Estou segura de que me trará o melhor deles.
Procuro-o.
Memórias.
Quero as piores e mais ultrajantes.
Ajude-me.
Humilhação, auto-piedade, desprezo.
Ah, que boa lista temos.
É bom não esquecer.
Já sabemos que esta noite vamos ambos morrer.
Que o veneno seja o fel.
Que comece já.
O fim.