domingo, dezembro 7

Dizem-me esqueças-te
E esqueço-me de dizer-te
Que quero esquecer-te
que disseste-me
Esqueças
Já não posso esquecer-te
Esqueço-me
que um dia disseram-me
esqueças-te
que um dia quase
Esqueci-me

quarta-feira, novembro 19

um soneto meio manco,
uma sonata ingrata,
um poema de rabisco,
uma música inacabada.

um livro a faltar páginas,
uma história mal contada,
uma piada sem ritmo,
uma espiral ligada.

algo assim desconexo..
grande falta de léxico
mal expressando meu ser.

algo assim taxativo..
não há mesmo destino
que se possa escrever.

segunda-feira, novembro 17

preencha-me com seu nada
inunde o mundo com teu vazio.
é só mais uma madrugada.
mais um copo, um gato vadio.

preencha-me com tua dor
estrague o mundo com tua risada
é só um gole de rancor
numa nova caminhada.

terça-feira, novembro 11

o beijo sabia ao primeiro.
o trem.
as mãos trêmulas.
o fiscal e o ticket assinado.
a dor fingia ser a última.
o vento.
o por-do-sol.
a paisagem a ficar pra trás.
o tempo continua a passar.
e os trens.
e os beijos.
e as dores continuam a chegar.
e as mãos.
e as paisagens.
adormeço nesta lembrança..
mais um dia, outra hora.
outrora nossa, agora minha
esperança.

quarta-feira, outubro 29

guardo em mim o oceano
ansia insana de encontrar
sinto o som, a melodia,
que vem do lado de lá.
qual distância, qual tamanho
que nos fará separar
é só água, sal e vida
este nosso imenso mar
por mar vieram, foram, e tantos
tantas histórias a contar
e o oceano, sal, traz prantos
que alimentam os sonhos de cá
guardo o mar, o céu e a lua
pedra branca a me guiar
sinto o som, a falta, a música
sal da lágrima a rolar.

quarta-feira, outubro 15

tu és minha luta adiada
a procrastinação de minha insanidade
o meu atraso mental.
és meu sonho de morte
a dor em um corte
meu sofrimento ideal
tu és a consciencia doente
um amor demente
a semente de meu mal
és a última batalha
o fio da navalha
em um dia infernal

quarta-feira, outubro 1

venhas tu
se puderes
venhas tu
se quiseres
quero estar
até quando?
quero estar
no teu mundo
venhas ser
sempre perto
venhas estar
sempre meu
venhas crer
na alegria
venhas ser
felicidade
venhas tu
quando vens?
venhas tu
podes já?
venhas cá
sempre juntos
a cantar
a liberdade
venhas bem
venhas contente
venhas meu
ser confidente
venhas lá
daqui e dentro
venhas diz
estou a chegar
venhas, vou
à minha janela
venhas, sim
vou te esperar.
devolva-me
devolva-me a mim
de-me o sorriso
as horas
as lágrimas
devolva-me até o que já acabou
de-me o resto
devolva-me presto
deixe-me ser o que sobrou

terça-feira, setembro 23

já vai
já vou
já estou a ir
a ganhar as horas
que ha pouco perdi
a fazer andar o tempo
a andar com o vento
praí

sexta-feira, agosto 22

A dor instalou-se no peito como veneno.
De um agudo profundo, espalhou-se nas veias
Tornou negro o sangue que nelas correm
A dor veio em flecha, de longe e certeira.
Zarabatana do amor vencido.
Faz pulsar vagarosamento o peito.
Faz perder o ritmo da respiração.
A dor mata-me aos poucos,
a cada suspiro,
a cada verso.
hoje.

quarta-feira, agosto 20

tristeza densa que tira o sono
saudades frias que dão cansaço
os olhos já doem ao ver o sol.
a boca amarga ao gole d'água.
a alma azeda nos dias quentes em que o tempo não passa.

espero, deitada em areia fina, a noite em que a lua chegue
e me leve..

sexta-feira, agosto 15

As botas estão rotas, após tão longo caminhar.
As roupas desbotadas, as unhas desgastadas, os cabelos desgranhados.
A pele brilha mais. o sorriso vale mais. os olhos percebem mais.
O coração, a recompor-se entre pedaços de fita-cola e remendos de superbonder, bate cada dia mais forte.
Tempo curto, que faz a vida saber longa!

quarta-feira, julho 16

a dança e a roda..
e a menina gira..
no ritmo desta dança
ela gira solta..
rodopia em meu olhar,
me dá a volta..
e de repente só, sou pouca,
a procura de meu par.

quarta-feira, julho 2

Gostava de dar-te o mundo,

e ganhar-te em recompensa.

Mover as notas da música,

preencher-te de presença.

Gostava de ter-te perto,

sempre meu, sempre certo.

Mover-te em minha dança,

nossos sons e doces gestos.

Faria tudo e mais, se fosses pauta,

não acidente.

Gostava de ver-te livre

das claves que a ti prendem.

Tocar-te em um compasso,

passo a passo, tempo a tempo.

Gostava que uníssemo-nos,

em uníssono,

num ritmo lento.

Se não podes, já não posso,

confesso-te o segredo.

Gosto de pares e parceiros,

música, músico. Sons e canção.

Silencio e melodia,

ritmo ao bater o coração.

pulsa. está no sangue.
está a correr nas veias.
está no hálito, na respiração.
faz parte do que sou.
escorre. fluido doce.
está a correr pela face.
a secar o coração.
faz parte do que serei.
ilumina. alegre e calma.
esteve a trazer sorrisos.
ao mundo compor canção.
faz parte do que fui.

se é parte e não todo
faz-me incompleta em tua ausência.
se deixo-te tornar todo e não parte.
faz-me ausente em tua presença.
a paz que trago
é a de não haver agora espera pelo adeus
é a de não haver mais esperança
apenas as doces memórias da vida
e de teus doces beijos, a lembrança.
o coração já magoado
por tantas esperas e despedidas
pelos despedaços e desencontros
não quer mais.. não quer que doa, jamais.
o amor que tu me destes
está guardado e é só meu
o amor que a ti guardo
está disposto a ser só teu

terça-feira, abril 15

Quebrada, perdida.
aviltada, moída.
Por onde anda minha razão?
Por onde anda...?

Perdida em por ques
em nãos, em querer..
Perdida e quebrada.
Acabada e sentida.

Moída por fora,
por dentro e agora
de tanto pensar
e nada encontrar

De tanto sentir
e não ver retribuir.

Perdida em mim
Perdida em você

Onde está minha razão..?
Onde anda você?

sábado, abril 5

as saudades vêm à porta.
não, não deixo entrar..
feliz ou triste, não me importa..
em ti não quero pensar.

terça-feira, fevereiro 5

Penso sobre o que sinto.
Penso sobre o que penso.
Sinto sobre o que sinto.
Sinto sobre o que penso.
e ainda assim, não dá em nada.

domingo, fevereiro 3

Palavras
que não ditas
sufocam
que malditas
machucam
que benditas
nos salvam

Palavras escondidas na sombra de teu olhar
vêm me contar, vêm me dizer
Não é tempo de se jogar.
Ainda há muito o que aprender.

quarta-feira, janeiro 30

na escuridão de meus pensamentos

na imensidão de meus sentimentos

no abismo de minhas dúvidas

me perco.